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O Som que vem do Alto!

Quando você está dirigindo, pelas estradas da vida ou pelas ruas da cidade, é normal, vez em quando, uma buzinadinha para alertar o veículo à sua frente, não é mesmo? Eu, particularmente, não gosto de buzina. Acho um tanto agressiva. Aquele barulho me assusta. No meu velho Aero Willys, que rodava pela Bragança de antigamente, instalei uma buzina daquela antigas, chamadas de “uga uga”. Era mais uma brincadeira do que um buzinaço. Quando tocava parecia um calhambeque chegando e os amigos já sabiam que eu estava no pedaço.

Agora, pense num avião. Ele usa buzina? Evidente que não! Até porque se um avião tiver que buzinar para chamar a atenção de uma outra aeronave, a desgraça já estaria consumada, não é mesmo? Só que não! Toda regra tem exceção e alguns aviões utilizam uma buzina, potente até. Mas o fazem para chamar a nossa atenção. Algo assim: Ei, olhem prá mim!!!

Isso acontece nas praias de São Paulo e Rio de Janeiro, em fins de semana e principalmente em feriados prolongados onde as praias ficam lotadas de gente. É a publicidade aérea que já completou 40 anos e continua forte como nunca.

Você está na praia, tomando sol, um banho de mar, de repente vem o aviãozinho. Ele não se limita a voar baixo. Ele buzina para chamar a atenção dos banhistas. Então, você está ali na praia quando ele passa, dá uma buzinada e você começa a procurar de onde foi que veio aquela buzina. Até que percebe que ela veio do alto, do avião.

É a chamada mídia aérea de praia. Coisa antiga. No Brasil se intensificou a partir dos anos 80 e está segmentada nos litorais de São Paulo e Rio de Janeiro utilizando pequenas aeronaves tipo Cessna que assim como os pilotos são homologados pela ANAC – a Agência Reguladora da Aviação Civil.

Piloto tem que ter treinamento especial e a aeronave tem que ser adaptada para “pescar e arrastar” a faixa. Todos os bancos são retirados ficando apenas o do dirigente. O curioso é que o avião não decola com a faixa. Ele decola sozinho e “pesca” a faixa que fica estendida no solo utilizando uma garateia, espécie de anzol. Pescada a faixa e feito o serviço pelas praias contratadas, a publicidade é “descartada” no mesmo lugar em que foi pescada. Tem que haver sincronia perfeita entre as equipes. A de solo é extremamente importante pois prepara a faixa para a pescaria e depois mantém o piloto informado sobre as condições do tempo. Ser surpreendido por um mau tempo, numa aeronave pequena e arrastando aquela enorme faixa pelo céu não é uma situação muito confortável. Assim, a equipe de solo responde também pela segurança do avião e piloto que estão no céu. Qualquer mudança no tempo e é emitida ordem para regressar à base. Isso acontece muito porque no litoral, de um modo geral, as condições do tempo mudam rapidamente, várias vezes ao dia.

Tocar a buzina para chamar a atenção dos banhistas foi uma estratégia “bolada” pelos marqueteiros de plantão que notaram não estarem sendo vistos em seus voos rasantes. Não bastasse o fato de ser uma publicidade aérea, o ato de buzinar chama e garante a atenção do público-alvo.

José Carille é de Limeira e estamos juntos na praia vendo os tais aviõezinhos. Comento com ele sobre a buzina e ele me diz que isso não é nada. Lá na cidade onde mora, para anunciar as atividades de um evento que se realizou, o avião dá rasante sobre as casas, mas com alto falante, fazendo a maior propaganda aérea. Eu fico incrédulo. Conhecia propaganda volante, muito utilizada antigamente e que vivia poluindo as ruas de Bragança e outras cidades aqui da região. Mas propaganda volante aérea é novidade. De qualquer maneira não se trata de uma mídia barata. Com certeza muito mais cara que esses carros de som e até pequenas motos com caixas acopladas que fazem propaganda pelos bairros da vida.

Não deixa de ser uma estratégia do Marketing Nosso de Cada Dia. A gente nunca sabe o resultado dessa ação pois isso é trancado a sete chaves. Mas é algo para se pensar pois como se trata de difusão sonora, atinge gregos e troianos, isto é, atinge todo mundo. E para alguns pode incomodar e gerar um efeito negativo. Por exemplo: Lá do alto, o piloto não saberá distinguir onde está o hospital que, por força de lei e para poupar os pacientes, exige silêncio. Enfim, coisa para se pensar, não é mesmo?

*Paulo Roberto Machado – Jornalista Profissional e Pòs Graduado em Marketing pela PUC de Campinas e diretor do site www.oscomunicadores.com.br  email: secretaria@oscomunicadores.com.br

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